domingo, 17 de outubro de 2010

Despedidas...


Às vezes eu fico pensando pra onde vão as palavras que eu disse no passado. Todas as coisas, certas e erradas... onde será que elas estão agora?
Eu não sei, sinceramente.
Os retratos são mais fáceis de entender. Porque o momento fica lá, impresso num pedaço de papel. E a gente pode ver.
Em contrapartida, não é possível “tirar um retrato” das palavras que a gente diz. E muito menos do que a gente pensa.
E tudo isso resulta num mistério tão grande, que não conheço ninguém capaz de imaginar a solução.
Eu não sei pra onde foram as músicas que eu toquei no violão. Não sei onde estão as ideias que eu pensei no passado.
É engraçado: a gente mesmo esquece de muita coisa que a gente foi um dia. Parece que nos “despedimos” de nós mesmos; ou, ao menos, de “um pedaço de nós”.
Olhe pra você mesmo há cinco anos atrás. Já parou pra pensar em quanta coisa mudou?
Pois é; nessa hora, parece que o velho ditado “águas passadas não movem moinhos” se torna mais intenso que de hábito.
É por isso que a gente sente saudade. A mudança afasta a gente de um tempo; e esse afastamento faz a gente sentir falta de algo que passou.
Eu ainda tenho pra mim que a gente não sente saudade de coisas; nem de pessoas.
A saudade é egoísta. O que acontece, (essa é só minha opinião), é que a gente sente saudade “da gente mesmo” (e não de algo, nem de alguém) em uma determinada situação. Ou seja: a gente sente saudade de ser “quem a gente era” num determinado espaço/tempo.
E outra coisa que eu sinto é que a saudade é mais uma “embalagem” de um sentimento e menos uma “realidade”. É mais ou menos assim: o fato, depois que passa, parece que foi “melhor” do que foi na realidade. A gente “fantasia” bastante os acontecimentos pra alimentar o nosso saudosismo. A gente faz uma “embalagem” mais bonita que o conteúdo real do que a gente viveu; e chama isso de saudade.
A saudade é um sentimento separado do fato ao qual ela se refere.
À medida que a gente fica mais velho, as saudades vão diminuindo de intensidade. Mais despedidas, mais “ritos de passagem”, mais caminhos que se chocam (e se cruzam)... e o emaranhado da vida se compromete a tornar as pessoas “experimentadas” nesse assunto. Assim, quando o sentimento de saudade perde a intensidade, fica mais fácil acompanhar o seu próprio tempo, e seguir em busca de novas perspectivas na vida.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Links literários: envie o link do seu blog!

Devido à ausência de blogs que consagram a literatura “anônima” (autores desconhecidos), por assim dizer, eu estou criando um blog. Esse blog vai receber links para outros blogs cujos textos eu julgar interessantes; e vai funcionar como um “agregador” de blogs “literários” apenas.

Eu percebi que os agregadores já disponíveis criam links para blogs interessantes, mas não necessariamente “literários”. O meu blog novo só vai “agregar” links de blogs cujos textos promovam a literatura em si. Os critérios para publicação serão divulgados num futuro breve. (O blog ainda está em construção).

O endereço do blog é www.linksliterarios.blogspot.com . Os interessados em divulgar seus blogs podem fazer contato através de linksliterarios@gmail.com , enviando links para os seus blogs, desde que queiram divulgar material literário.

Não vou divulgar vídeos, listas, desenhos, etc. A ideia é criar um agregador de blogs de gente que produz “textos”, ou “literatura pela literatura”.

Participem!

Como fazer seu blog ser lido por muita gente!

 

literatura  Quem é que nunca enviou um texto para um site “agregador” e, para sua surpresa, ficou decepcionado ao perceber que seu material não foi aprovado pela equipe do site? Essa lista mostra 5 itens muito úteis para quem quer aumentar as chances de ter seu texto lido através dos sites agregadores da internet:

1-) Tem que fazer uma lista: se você é inexperiente como eu, e pensa que o seu “Faroeste Caboclo” literário será lido por centenas de milhares de pessoas na internet, você está redondamente enganado.

O “folclore cibernético” brasileiro cultua o “fast-food” literário; numa analogia, é preferível um lanchinho rápido do que um jantar elaborado. Assim, uma “lista” é muito mais bem vinda do que um “testamento”. Isso não quer dizer que o “fast food” dispense qualidade!

2-) Os textos mais populares...: se você fizer um texto tentando fazer “exibicionismo literário”, é bem provável que o site não vá aprovar seu material. Portanto, faça algo relacionado ao cotidiano das pessoas; fatos recentes, curiosidades. Literatura, definitivamente, não é o forte da internet. Seja simples nos métodos.

3-) Tem que ficar torcendo pro material ser aprovado: entre a cruz e a espada. É assim que quem espera um texto ser aprovado num site agregador fica entre o período do envio e o da publicação do material. Nessa hora, tudo o que se tem a fazer é torcer, torcer, torcer (para seu texto ser publicado)...

4-) Boas ideias: é claro que sua ideia tem que ser interessante. Ninguém vai a um site desses preocupado com a divulgação do PIB da China. As pessoas querem se divertir, passar o tempo. Portanto, coloque a cabeça para funcionar e faça algo lúdico, que desperte a curiosidade das pessoas. Nada de assuntos muito “densos”.

5-) Persistência: calma! Ninguém chega nesse mundo “pronto” para a vida. Vamos nos moldando à medida que os fatos se apresentam diante de nós. É essa a maneira pela qual adquirimos experiência. Assim, se não foi dessa vez que seu texto saiu (foi publicado), não desanime. Esse texto que você lê aqui é o primeiro que o autor consegue publicar, depois de inúmeras tentativas!

domingo, 22 de agosto de 2010

McDia Maluco

mcdonalds-02 Eu queria entrar na fila do McDonalds e pedir uma coxinha com catupiry com suco de goiaba, ou algo parecido.

Acho que se eu fizesse isso, ia desestruturar todo aquele “sistema” pré-programado da logística fantástica dessa lanchonete.

A máquina registradora ia entrar em curto-circuito; a “trainee” do caixa ia ficar desesperada; a gerente ia ligar para a matriz, em algum lugar de Massachusetts oriental... Melhor eu não fazer isso!

Será que já passou pela cabeça de alguém pedir um Cheddar com o bife mal passado? E um McChiken com ovo? Por quê não fazem fritas redondinhas, como em qualquer restaurante do Brasil? Deixa pra lá...

Não duvido nada, daqui a pouco eles vão querer vender cigarretes...

O problema com o McDonald´s, é que eles têm o poder de “tirar a graça” das coisas. A cigarrete ia perder o “glamour” se fosse vendida por eles. Ia ser uma cigarrete politicamente correta, sem graça. Um cigarrete “photoshopada”. E ia ganhar logo um número, pra perder o romantismo e virar “mercadoria”. A cigarrete está para o McDonald´s assim como Fátima Bernardes está para a Rede Globo. Mas isso é outra história...

McDonalds e suas promoções... (promoções?!) Que gosto tem um número 3? Será que o número 7 dá indigestão? Vai entender! As promoções poderiam ter nomes mais “comestíveis” ao invés de números. O número 2 deve arranhar a goela da gente, não?! E o 44?

O McDonalds podia me processar. Pelo menos meu blog ia ganhar visibilidade! Imagina eu ser “demandado” judicialmente por Ronald McDonald e sua turma! Enfrentar aquele palhaço numa audiência deve dar medo! Eta, bicho feio!

Quando eu entro numa lanchonete do McDonald´s, fico pensando se quem decorou aquilo lá usava ácido. Aquelas cores, os desenhos, personagens de tudo quanto é tipo; e aqueles atendentes pré-programados... Tudo conspira por uma viagem transcendental. Woodstock é “fichinha” para o McDonald´s.

Nos anos 80, havia um seriado chamado “Super Vicky” na televisão. Vicky era uma “menina-robô”, uma espécie de “cyborg” (misto de robô com ser humano) que parecia confusa diante do mundo das emoções.

A decoração do McDonald´s deve ser uma ferramenta para nos hipotizar e nos transformar nas “Super Vickies” do consumo. Assim, um dia não saberemos mais o que é McChiken e o o que é Cheddar; não saberemos o que é Coca-Cola e o que é suco de laranja. Porque tudo vai ter o mesmo gosto. Só seremos consumidores. Ganharemos números e abriremos mão de nossos nomes. E entraremos na viagem que começará através dos diversos símbolos aparentemente inofensivos daquela lanchonete psicodélica. Onde ela vai nos levar? Isso eu não sei dizer! Pergunte ao Ronald McDonald!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A juventude


A juventude tem cara de “de manhã”. Por mais que o tempo passe, a juventude mantém a mesma aparência.
O que acontece, é que a juventude é estática. Ela ta sempre lá. O que muda, são as pessoas que compõem essa juventude.
Por isso, eu sempre penso que os movimentos das pessoas, as manifestações, a coletividade, tudo isso faz o “bando” de gente que compõe o mundo, muito mais importante que qualquer personalidade individual.
Em outras palavras, eu acho que o curso da história é muito mais importante que qualquer personagem. Quem seríamos nós se Pedro Álvares Cabral não tivesse descoberto o Brasil? Seríamos os mesmos, porque um outro cara teria descoberto. O mundo é assim: ninguém é insubstituível.
É essa a “mensagem” que a juventude me passa. Porque a juventude tem a cara de quem acaba de acordar de manhã.
À medida que o tempo passa, a gente vê que a eleição é mais importante do que quem é eleito; e que a corrida é mais importante que os corredores... Prova disso, é que os nomes passam; e os fatos ficam. Os nomes passam a ser detalhes; e os fatos, história.
Todo mundo um dia vai embora daqui; não sei pra onde, mas vai. E mesmo assim, o mundo continua. O mundo sobrevive a nós. A gente só interfere um pouco no curso da história, mas a gente “desembarca” algum dia, por assim dizer, e a “embarcação” segue viagem.
Eu vejo a juventude como a expressão mais forte de qualquer rito de passagem. Acredito que é porque a juventude tem “cara de ‘de manhã’”, mesmo.
Além disso, existe na juventude um resquício de uma despedida... que ainda não foi; mas com certeza, será.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um não-texto


Eu não escalei o Everest.
Às vezes, eu fico pensando nas palavras que eu nunca vou dizer. Não porque eu não queira; mas sim porque talvez eu vá morrer sem ter conhecido essas palavras.
E fico imaginando o quanto de omissão há em mim. Quantas pessoas vão passar por esse mundo sem eu sequer saber que existiram?
Quantos lugares os quais eu nunca irei existem nesse mundo?
Não sei qual é a porcentagem de omissão em mim. Não sei o quanto aqui é presença; e o quanto é ausência. É que de vez em quando eu sou um não-ser, por assim dizer. De vez em quando eu não estou, nem sou. E um pouco de mim não é.
E aí me resta a dúvida: qual é a força do que não foi? O que significa um dia que não existiu? E um fato que não aconteceu? Qual é a marca que se leva do que não se viveu? Onde fica o lugar que não existe? Será que existir só no pensamento já vale como existência?
Ainda bem que há história impressa em mim. Em todo mundo, a ausência é tão importante quanto a presença...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Espelho meu?



Como era o mundo antes de existir o espelho?

Fico pensando no homem na idade da pedra. Qual era a referência pessoal estética do rosto dele? Reflexo nos lagos? Opinião dos outros?

Acho que o surgimento do espelho trouxe mudanças não apenas estéticas, mas também comportamentais à sociedade.

O espelho é que foi o “catalisador” (é uma expressão que está na moda) da preocupação que as pessoas têm com a própria imagem. A partir do surgimento desse objeto é que houve possibilidade de desenvolvimento do mercado da estética e também possibilidade de mudança de atitude das pessoas.

Não vou ficar aqui falando bobagem copiada do Google, omitindo a fonte, não. Eu falo bobagem assumindo a fonte! É claro que eu não sabia nada sobre o surgimento do espelho, e é lá que fui buscar (no Google).

Ocorre que descobri que o espelho como o conhecemos hoje, ou seja, objetos de vidro com uma fina camada metálica refletora, surgiram o ano de 1.300 depois de Cristo, na região de Veneza. E os primeiros “esboços” de espelho foram criados a partir de chapas de bronze polidas com areia, isso 3.000 anos antes de Cristo. O curioso é que os espelhos tinham mais apelo decorativo e estético do que prático, uma vez que a nitidez da reflexão não era sua grande virtude. Só a partir do século XIX é que o uso do espelho como o conhecemos atualmente se difundiu pelo mundo.

E eu que pensava que tudo era tão antigo! O espelho é mais jovem do que eu imaginava.

Imagina como ia ser a industria de cosméticos sem o espelho? E os cirurgiões plásticos? Iam ser tão famosos assim?

Será que o espelho ficou menos importante do que as conseqüências trazidas por ele?