quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um não-texto


Eu não escalei o Everest.
Às vezes, eu fico pensando nas palavras que eu nunca vou dizer. Não porque eu não queira; mas sim porque talvez eu vá morrer sem ter conhecido essas palavras.
E fico imaginando o quanto de omissão há em mim. Quantas pessoas vão passar por esse mundo sem eu sequer saber que existiram?
Quantos lugares os quais eu nunca irei existem nesse mundo?
Não sei qual é a porcentagem de omissão em mim. Não sei o quanto aqui é presença; e o quanto é ausência. É que de vez em quando eu sou um não-ser, por assim dizer. De vez em quando eu não estou, nem sou. E um pouco de mim não é.
E aí me resta a dúvida: qual é a força do que não foi? O que significa um dia que não existiu? E um fato que não aconteceu? Qual é a marca que se leva do que não se viveu? Onde fica o lugar que não existe? Será que existir só no pensamento já vale como existência?
Ainda bem que há história impressa em mim. Em todo mundo, a ausência é tão importante quanto a presença...